segunda-feira, 6 de março de 2017

Opinião | "Psicopata Americano"


Realização: Mary Harron
Argumento: Mary Harron, Guinevere Turner, baseado no romance de Bret Easton Ellis
Com:  Christian Bale, Justin Theroux, Josh Lucas, Bill Page, Jared Leto
Género: Crime, Drama
Patrick Bateman, protagonizado por Christian Bale, é um investidor executivo que sofre de personalidade psicopática. Egocêntrico e manipulador, Bateman tem ataques psicóticos durante todo o filme, ofende os seus colegas e desconhecidos com frequência mas estes não parecem preocupar-se com isso (já vou falar sobre isto mais à frente) e mata pessoas de quem não tira proveito. Um homem com fantasias do outro mundo, sem qualquer empatia pelo próximo, só pensa em si mesmo e em ser o melhor no seu meio - um simples cartão de visita com melhor aspecto que o seu é o suficiente para que Bateman sinta que tem de se vingar.

Queria ler o livro antes de ver o filme, mas aproveitei que era realizado por uma mulher para o desafio do Março Feminino e terminei de ver o filme com uma enorme vontade de pegar imediatamente no livro.


Christian Bale faz um papelaço neste filme e quem afirmar o contrário não sabe do que fala. Só ganhou o prémio de melhor actor principal para os Awards Circuit Community Awards (ACCA) no ano de 2000, nos Chlotrudis Awards em 2001, sem receber qualquer nomeação para um Oscar (ainda estou a recuperar disto, mas não é preciso um Oscar para se ver talento).

Desde o início do filme que Bateman fala para si mesmo, fala da sua rotina diária até ao mais ínfimo pormenor, o que nos dá logo a impressão de que é uma pessoa superficial, que só pensa em si mesmo e naquilo que os outros pensam dele. São-nos apresentados pequenos excertos da sua vida profissional e, ao que parece, Bateman é vice-presidente da P&P mas todos os seus colegas, quando mostram os seus cartões de visita, têm o mesmo cargo na empresa. Isto leva-nos a pensar que Bateman sofre de uma crise de identidade. As pessoas chamam-no por diferentes nomes e ele responde por esses nomes, quer "fazendo-se passar" por essa pessoa ou dizendo que não é esse o seu nome. Há muita controvérsia no que toca a este assunto.

Outra coisa que reparei é que ele ofende a maior parte das pessoas com quem lida diariamente e essas pessoas reagem como se nada fosse ou como se ele simplesmente as tivesse cumprimentado. O que se passa? Este também é tema de controvérsia mas, a meu ver, ele não diz nada do que diz. Nós vemos o que se passa no interior de Bateman e não no exterior porque, para mim, ele não diz nada do que diz nem faz nada do que faz (os assassinatos quase em série, as fugas, os maus tratos aos seus subordinados, etc.)

É um filme marcante, sem sombra para dúvidas. Estava à espera de um filme muito mais fraco, e talvez mais violento, mas mesmo tendo visto a versão não-censurada, achei um bom filme. Um excelente filme, de facto.

Em todo o filme vemos os traços típicos de um psicopata e é interessante notá-los e ver como o personagem reage ao ambiente em que se encontra. É de fazer um pequeno realce ao que é a cultura musical de Bateman (principalmente quando se encontra prestes a cometer algum crime), como se esta fosse um escape para aquilo que está prestes a fazer. A música quase que o transporta para outra dimensão onde o que está a acontecer à sua volta não existe. Tem uma conversa natural nessas situações.

Uma pequena nota, neste filme só encontrei duas pessoas sortudas durante os ataques psicóticos de Bateman.

Pontuação: 8,5/10
name

1 comentário: